domingo, 20 de novembro de 2011

Diálogo

- Oh, quero, agora, beijar-te a boca e saciar minha vontade de ter-te!
- Mas será correto?
- Por que pensar no "correto", quando imenso amor nos une?
- É, nos une, mas tenho medo!
- Medo? Eu também tenho medo, porém, tenho mais amor! Nada pode deter-me da inclinação que tenho por e para ti! Nem o maior medo que senti na vida!
- Oh, meu bem, não me digas isso... não resistirei!
- E por que, ainda, tua resistência?! Ama-me ou não?!
- Amo. Entretando, não podemos!
- Quem disse que não podemos? Esse mundo ora torto e descabido? E absurdo? Mostra-me o impedimento!
- Mostrar-te? Tu vês!
- (Com pesar na voz e na face) Sim, eu vejo. Eu infelizmente vejo, mas que essa nossa maldição não nos condene à insatisfação eterna! Queres-me, pergunto-te de novo, ou não?!
- Querer-te? Claro que quero. Já mais que a mim mesmo te amo. Nunca... por ninguém! (Algumas lágrimas!)
- Então?!
- Então me beije! Faça-me esquecer tudo!
- (Detendo-o do beijo, com um movimento suave das mãos contra seu peito. Voz e olhar graves) - Mas e amanhã?
- O amanhã - ele diz - neste momento, está tão longe quanto as próprias estrelas do céu. Que brilham mais por tua causa, esta noite.
- Oh, meu bem, eu sei e o sinto também, mas e a vida que nos separa? Esta que nos tem que levar para lados opostos?
- Esta, esta que nos ataca e nos constrange... esta que, em seu estado natural das coisas, nos quer calar e emudecer... esta deve se curvar ao nosso amor. Ao meu e teu desejos!
- (Ainda reluntante) Mas, teremos força?!
- Teremos amor e isso deve bastar!
- É, deve, acabas de me provar.

Ambos se calam. Olham-se nos olhos longamente. Rola uma lágrima  dos seus rostos por terem tido conhecimento das mesmas coisas. Envergonham-se por um momento. Receiam frente um ao outro e ao maor que os quer levar. Tomam coragem novamente. Respiram fundo. A noite, lá fora, ligeira e fria. Um na direção do outro. As luzes se apagam. Dessa forma, satisfazem seu amor!

sábado, 19 de novembro de 2011

Tolas Facilidades

É tão fácil se encantar e se apaixonar profundamente...
É tão fácil tolamente
Mergulhar nos olhos...
Perder-se no sorriso nu... veementemente
Puro (?)...

É tão fácil olhar e ver o que se quer ver...
Achar coisas, imaginar intenções...
Ilusões.

O doloroso real de puxa...
E o teu encantamento...
Foi tua marca pior...
Teu ponto de fraqueza latejante.

O sonho...
Teu pesadelo!

Perdição

Por que me perder nos olhares?!
Por que me confundir... neles?!
E me ver, não estando, dentro?

Por quê?

Por que ser eu o enganável?
O tolo que a todas quer se entregar?
Por que ver nos olhos o beijo,
Dos mesmos lábios que vão me matar!?

Sinto, então, necessidade incontida de chorar, no meio da rua...
E sinto ao mesmo tempo vontade de rir de pena de mim... tão patético!
Os olhos eu molho... a alma tento, a força, lavar... pra disfarçar a fraqueza do espírito forte e volátil a me atormentar!

E o que sou senão aquele que abre mão mil vezes por dia e volta atrás?
Senão o que renega o mundo e renega a si mesmo e humildemente volta atrás?!
Quem? Senão eu mesmo perante mim!!!?
Eu... fitando minha fraqueza humana e abominável do meu jardim(?)

Eu o preparei com tanto carinho e cuidado!!! E afinco...
Para o presentear, hoje, a ninguém!
Eu, que calado, chorei sobre meu próprio corpo imaturo...
Pedindo a mãe terra pra me levar...

Eu....sem nada!!!
Dando-me ao nada aterrador profundamente silencioso... Enlouquecedor!!!
Quem além de mim?
Preparou seu jardim com lágrimas e medo? E com receio do dia?
Cama... cama fria!!!

Enlouquecia em minha própria razão e me lancei ao céu profundo enquanto verme mortal...
Mas fui tão raso e tão pequeno...
E nem transpus o mal terreno... que vai me matar!!!
Hoje... Amanhã, talvez!!! Mas vai!!!
E eu vou também!!!
Silente...mente!!! (...) EU!!! Mais ninguém!!!
Solidão!

Indignação?

Queria gritar,
Queria gritar,
Queria alguém para me ouvir.

Queria gritar, queria gritar,
Queria chorar,
Queria sumir.

Queria chorar, queria sumir,
Queria amar, mas, queria partir.

Queria gritar,
Queria chorar,
Queria explodir.

Queria amar,
Queria falar,
Queria dormir.

Dormir e nada ver,
Dormir e nada sentir,
Dormir ou enlouquecer,
Dormir e simplesmente partir.

“Cantar e cantar e cantar”...
Não, não quero cantar.
Quero o silêncio, mas, ah, quero o grito.
Quero o nada, quero o infinito.
Adeus!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Será só eu?

Só eu estou perdido?
Só eu não sei para onde ir?
Será só essa minha vida a arruinada
Ou haverá outra, tão incerta assim?

Serão os suspiros só meus?
E só minhas essas mãos espalmadas?
Será só eu essa alma sem rumo,
Que sofre e chora calada?

Os risos serão verdadeiros?
As relações ultrapassarão a superficialidade?
Estarei sozinho entregue a mim,
Em meu próprio fogo e insensibilidade?

E quanto aos meus amores...
Estarei eternamente amando sozinho?
Vislumbrarei algum pouso em meu caminho,
Ou serei sempre SOLIDÃO?

Estarei entregue a outro ser que não a mim?
Compartilharei com este meus pesados sonhos?
Minhas leves loucuras? Minha ofegante respiração?
Nesse chão?

Quais verdades contarei?
Quantas mentiras manterei em nome do que vier?
Quantas palavras até cessarem todas as palavras?

Quanto sol sobre minha cabeça?
Quantas cabeças dentro dela?
Quanta luz? Quanta luz? Quanta treva!

Esperando pelo bem há muito querido,
Tornarei, forçosamente, agradáveis os meus dias.
Passarei as horas na esperança de tê-lo.
E na espera, agudamente estarei feliz!

Uma felicidade só entendível por mim mesmo!
Aquela felicidade na tristeza, aquela tristeza na alegria.

Dessa forma, tentarei...
Tentarei todos os dias...
Não me entregar a esse amor louco e incontido pela destruição!
Que só eu amo. Que só eu venero no seu magnífico caos!
Na sua harmonia inexistencial.

E eu possa dizer do que tive.
[O que foi mesmo que tive?]
E partir insatisfeito com meu cálice cheio de satisfações pequenas.
Terrenas. Aquelas que não servem, mas com as quais todos se contentam!
Eu não me contento por quê?

Porque o contentamento é algo que não faz parte de minha natureza!
Assim como não o faz tantas outras coisas!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Fim do Caminho

De repente todo o caminho acaba.
De repente todo o sonho cessa.
E vai-se com nada no desconhecimento do mundo.

O sonho pulsante, o desejo que se tinha,
Desfaz-se no liquido quente que se derrama.
Os olhos que viram tudo, a boca que muito proferiu...
Agora cala-se, frente ao pó que a espera.

É de uma desesperança o fim do caminho.
De um desassossego íntimo, gritante e agudo.
Que morre-se antes mesmo do último suspiro;
Sem se saber.

Os dias sem significado te roubam essência.
Você perde o brilho que Deus te deu sem resistência alguma.
E vai calado para um desconhecido que desde a há muito te espera.

É de uma desesperança! É de uma mortificação os dias de tua vida em que desistes.
Todos eles estão sendo contados e subtraídos de tua posse.
Não vês, teus próprios passos, distantes?
Não vês?

Não permite que se acabe teu encantamento. Teu maravilhamento sem fim.
Ele nunca cessa, embora cesse tua própria vida e vontade.
Aprende isso. Guarda contigo esse segredo!

Contar-te do sonho louco

Vou te dizer do sonho louco que tive.
Dos meus momentos, do meu amor.
E te falar da parte que trai...
A mim memso sem perceber.

Estávamos sós... éramos sós... os... dois!
Andávamos quietos... éramos bem...
Espertos!!!
E... tínhamos o sol... e... tínhamos mar...
Eu em você... você em mim...

Éramos uma canção!!! Isso... só!!

Eu te olhava.
Tu me olhavas.
Nós nos olhávamos... assim:
Eu te via. Tu me vias. E ponto e fim!!!
Éramos sol. Éramos ar. Éramos tudo... Éramos... AMAR!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Antes dos Olhos Enegrecerem















Antes dos olhos enegrecerem.
Antes das bocas vorazes calarem e o céu se abrir
Lá estará teu último contentamento e perdição.

Quanto aos momentos... e o próprio vento
Que te leva...
Deixa-te levar.
Deixa-te encantar.
Extasia-te todo dia com tua ânsia!

Não vês que somemente ela é o real?
Que somente ela significa (...)?
Não vês?

Sê o silêncio obscuro perante os olhos cegos do mundo.
Sê grito e urro profundo.
Sê feliz.
Antes que as cores abruptamente se vaiam.
E as estrelas violentamente se consumam por completo.

Abre os olhos agora.
Vê o mundo a tua volta.
Dize aquilo que teu medo esconde.
Dize aquilo que o receio te impede.

É isso que te move, não vês?
Dize... o que não se diz.
E explode em amor e contentamento.
Não contenção!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Considerações - Início

Quero falar coisas que ninguém falou. Quero o dissabor das pequenas acusações dos homens pequenos. E sentir-me execrável ao passo que cuspo na cara da hipocrisia. Quero ter-me em minhas mãos cansadas. Em minhas mãos pequenas, porém, parcialmente comungantes deste todo chamado VERDADE.

Tenho muitas considerações a fazer... Acerca da vida, da morte. Do céu sobre nossas cabeças e o inferno dentro delas. E, claro, quero dissecar o amor, esse sentimento excelso, divino e controvertido. Quero inundar a noite densa de razão. Quero esclarecê-la e mostrá-la ao mundo em sua extrema fascinação. Falarei dos relacionamentos, das relações, também superficiais, em sua maioria. (...)

As Estrelas Queimam

As estrelas pegaram fogo, meu Deus!
O que será de nós?
O que será frente ao inimigo qeu nos cerca?
O inimigo que nos apavora?

O que, com o medo nos olhos?
Com o laço na boca?
O que eu fiz?
O que eu fiz, meu Deus?

O que eu fiz para em meus olhos se instalar o choro?
E na minha carne o insatisfeito beijo?

Não queria...
Mas meu rio secou!
Minha carne, do prazer se afastou.
E tudo se foi assim:
Aos poucos... calmamente...
Para que eu aceitasse tudo.
Para que não houvesse protesto.
Meu Deus, não houve!

Agora amargo na covardia.
Sou perceguido pelo vento, que as folhas levanta e nada tem contra mim.
Mas ele vem.
Ele vem e me apavora.
Gela-me os ossos. Revira-me os estômago.
Eu aceito.
Meu Deus, sou permissivo!
Por que tinha que ser?
Por que o por quê?
Por que não a claridão?

Por quê todos as coisas me fogem... sem que eu as possa conter?
Qual pequeno ser que nada pode e tudo quer...

Ao teu lado

Quero ficar contigo até o último momento.
Até quando não houver mais escapatória,
E enfim tenhamos que nos separar.

Quero estar ao teu lado todo novo dia,
Quero rir, quero chorar.
Tudo em tua companhia.
Pois é somente nela que encontro sentido.

Quero um beijo terno e doce.
Falar-te dos medos...
Do que quer que fosse.
Queria te amar, te ter, me entregar.
Ser o devotado amigo,
Ou o beijo esquecido...
O que tiver de ser, será.

Queria te falar dos lírios.
Dos pássaros a cantar.
Contar-te meus segredos,
Esquecer a vezes que estivemos a chorar...

Queria, nos meus braços te ter, agora;
Queria-te já, te queria nessa hora.
Mas existe a espera, existe o esperar.
Queria fugir d'aqui, te tirar desse lugar.

Queria enlouquecer contigo...
Tudo seria válido.
Nosso amor, às estrelas, daria brilho
E delas, o mesmo iria roubar.
Tudo. Tudo eu faria.
Nada iria calar!

Exausto Nesse Momento

Nada, nada é tão grande ou tão belo,
Nem o céu, o sol amarelo...
Que ofusquem a ti em mim.

Tu que és presença última e primeira.
Maravilha sétima, oitava, derradeira.
Todo o bom e belo que a Natureza teve a honra de gerar...

Tu, tu que és o nome eterno em meus lábios,
A marca inconfundível de meus passos
Que correm todos, ah eles correm, para ti.

És a minha ânsia pura. Os melhores sonhos que vivi.
Entregue a ti tal qual o que não tem mais medo...
Controversamente pronunciando verdades que não se diz!

sábado, 10 de setembro de 2011

Porque Quero Ser Alguém na Vida!



















"Porque quero ser alguém na vida" é o que todos dizem, mesmo sem o dizer!!!
É o que todos clamam inutilmente
[ninguém ver...
O clamor dos humilhados, dos indignos sem ter!!!
É o clamor.
É o clamor que ninguém ver!!!

Muitos nutrindo sonhos (- e eu também -),
Querendo fugir do “certo”...
Querendo ser alguém...
E o tempo contra eles...
E o fogo e o sol vermelho,
Tudo, tudo é espelho
Do que os grandes plantaram!!!

E eles, coitados amargurados...
Tentando enganar seus próprios corações...
Mas não podem, bastardos,
Das nações!!!

São tantos e tão grandes e tão pequenos...
A chuva em seus rostos é veneno
É pura consternação!!!
Ilusão...
É tudo o que eles plantaram...
É tudo o que tiveram nas mãos!!!

São crianças, são jovens adultos...
Todos frutos...
Dessa grande nação!!!

E se há remédio.... se há ou não...
É segredo guardado com sangue lacrado...
Dentro de um caixão...
Onde estão todos que vieram...
Onde estarão todos que irão
[sem nada!!!

Todos irão...
Com nada!!!
Nada.
A palavra doce de gosto amargo...
O último grito que quero ter não ter!!!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Miséria Real













Duas colheres de arroz.
Uma ínfima porção no prato.
É o que a pobreza não rejeita,
É o que ela dá ao filho ingrato.

Abre tua boca.
Engole o mundo,
Pois tudo te pertence, embora nada seja teu.

Não grite, não chore.
Não se desespere.
A tua dor é tua fome,
Que tua esperança ingere.

Oh, meu amigo...
Que pena.
Não consegues com os teus braços o teu alimento.
Há mais terrível sofrimento?
Deves, tu, deitar-te em uma cama,
Se tiveres cama,
E morrer em paz?
E morrer de fome?
Ou comer a própria carne?

Deves?
Deves arrancar teus olhos para que nada mais vejam?
Para que não vejam tua miséria,
Tua vergonha, teu medo?

Deves chorar?
Deves amaldiçoar o mundo?
O que deves fazer posto que não podes fazer nada?

Ah, como te parece atraente a tal morte.
Ah, como querias correr...
Desse mundo de fronteiras,
As quais difíceis são de romper.

Não obstante, não aflijas teu coração agora.
Espera mais um pouco, espera tua hora.
Ela virá.
Para o bem ou para o mal, virá.

Espera mais um pouco, meu pobre irmão!

Para Quem Falo?















O que é minha presença se não este algo que se perde na imensidão de meu caminho?
O que são meus passos tortos se não meus sonhos mortos,
E uma coroa de espinhos?

A amargura o que é?

O que é que me toca se não o medo da consumação?
Para quem falo se não para passos errantes?
Para símbolos que não vejo.
Para o amor que se vai.

O que sinto em meu ser se não o vazio,
A ausência lacerante,
A dor?

O que faço eu do meu sonho se não pesadelo?
O que é certeza em mim que eu não negue?
O que são os beijos se não o sangue,
Se não o desejo?

O que é fogo que eu já não tenha apagado?
O que é meu que eu já não tenha largado?

Um beijo, um abraço
Um aperto de mão.
Algumas palavras soltas
Quer boas quer não.

domingo, 28 de agosto de 2011

Por que estou aqui?
















Por que eu estou aqui?
E você está aí?
Por que não estamos em todo lugar?
Por que as barreiras e os limites?
E as paredes?

Devo eu dizer o porquê?
Sendo eu só mais um insatisfeito, incoerente?
Um louco que nada sabe?

Por que o céu é azul? Mais uma vez a mesma pergunta já feita... Por quê?
O que é que nos move e guia no meio destes caminhos tortuosos?
Onde é nosso pouso, nossa chegada?
Nosso carinho, nossa bela morada...

O que deles foram feitos?
O sonho, Çucena,
O que fizeram de nosso sonho, Çucena?
O que fizeram de nós?

Só o tempo pode dizer ou calar...
Essa verdade ou essa mentira.
Só o tempo e o vento que nos leva nos braços sem nada saber.
Por tudo querer.

É só o tempo... Somos só nós.
Pequenos em nossa grandeza.
Grandes... em nossa insignificação!
E vimos e vamos... calados como a rocha que dormita nas margem de nosso caminho....
Talvez até mais calados, uma vez que elas não tem o dom/privilégio de falar.

Todos calados contendo uma grande verdade...
Mas faz-se silêncio profundo e obrigado sobre ela...
Que jaz nos túmulos seculares, há milênios encerrada.
Ela... o motivo e a causa primeira... preterida... como nós diariamente!

No final das contas... não se diz nada. E vai-se, também, com nada!
E no pó se espalha a verdade fingida. Reprimida... Hereditária!!!
Nada se diz!!!

Por que as estrelas que caem me doem?
Por que a empatia profunda perante o mundo
Tão adverso à própria empatia?

Chama... chama fria... banha meu corpo vindo de há muito tempo.
E de repente, me vejo só e nu no mundo que me atravessa e nada me diz!
E me queimo no silêncio. E morro, também na covardia. Enquanto mato minha nossa verdade periclitante e sombria.
Mas cheia de luz!!!!

Verdade?
Quem sou eu para falar de verdade!!!???
São apenas impressões de um algo maior que minha compreensão não concebe.
Nem poderia.
Isto é o que tenho:
Este momento novo e velho e agudo.
Porém feliz em sua contemplação!!!

Mercado de Trabalho













Mercado de trabalho.
Mercado de trabalho, eu escuto o clamor
Dos que sonham, dos que sofrem,
Dos que morrem no labor.
Vendendo-se como prostitutas,
Despindo-se do seu valor...
Tornando-se coisas usáveis e descartáveis,
Sem nenhum pudor.

Mercado de trabalho, mercado do horror!
Em não se cismar sozinho a noite,
Menos prazer se encontrar cá e padece-se um pouco todo dia sem se saber...
Existe algo maior.
Algo bem maior que esse mundinho do dia-a-dia cruel.

Dos sonhos? Só restam os pedaços que o vento desolador da vida doída não levou!
E trabalha-se. E vive-se. E morre-se. Em vão! Sem sentido algum.
Além do estar vivo. Animalicamente vivo.
Perenemente alienado!

Lugar Algum



















Não existe mais chão.
Não existe mais chão, não existe mais nada.
Todas as verdades tão bem guarnecidas...
Foram cabalmente refutadas!

Não existe mais sopro mágico.
Não existe mais doce ilusão...
Agora é outra espécie...
Agora é a amarga abstração.

Nós, desde o ventre materno - terra...
Buscamos este momento de negação.
Buscamos esta mentira travestida em verdade...
Buscamos o estar em nossas mãos.
Mas, estranhamente, caímos.
O salto alto tornou-se queda maior.

Agora, perdidos, estamos...
Mais do que o dia em que morremos...
Agudamente fingindo todos os dias normalidade...
Vontade...
Amor.

Porém as gargantas secas e a sede eterna e impessoal....
Essas, toda noite sentimo-las... sozinhos.
O ser... animal social...
Socialmente morre... vagarosamente...
Progressivamente.
Preso às convenções da vida moderna antiguada.
Uma nova forma de viver e sentir...
Sem fazê-los!

Alguns chamam dever ser...
Outros, coesão.
Não obstante, e controversamente, é a mais pura ilusão.
Ou o mais puro real na sua insensatez.

Não existe mais cores. Aquelas que eu via...
Olhos opacos são os que olham agora.
Uma janela...
Para um deserto.

Mas, olhem, ao longe, há uma escada!
Ou estou devaneando também?
Não. Ela está lá.
Sem uso. Sem serventia.
Lá... onde tudo está!
Até esses teus medos e sonhos e horrores...
Lá...
Onde está a verdade. O bom e o belo.
O tão impessoal que cauteriza os ossos teus cansados do mundo.
Cauteriza-te. Purifica-te de tuas dores.

A temeridade fala contigo... ainda podes ouví-la?
Voz única e inconfundível...
Confundindo-te. Porém, revelando-te...

Tok, tok...
O desvairado supremo proferindo maldições a porta.
Não abrirei.
Estou farto de maus agouros.
Estou farto de verdades meias...
Das incorrespondências.

A Matéria que Comporta a Vida


Somos apenas aquilo que um breve espaço de tempo nos permite ser.
Nem mais.
Nem menos.
E vamos para o desconhecido sem saber de onde viemos.
Somos assim:
Não sabemos de nada no fim das contas.
Tudo é incerto, tudo é sombras.
Até a luz intensa que nos cega e ofusca diariamente:
A vida.

Estamos entregues a conformação ou ao inconsolamento.
E tudo na vida depende das escolhas que se faz.
Viemos de onde não vemos.
Vamos para onde sonhamos?

Estamos indo, estamos ficando.
Estivemos fingindo, estivemos chorando.
E no todo, somos tão leves quanto o próprio vento.
Uma folha pesa mais e tem mais significado.
Ela existe, mas não o sabe e não questiona e logo,
É mais consistente por ser inconsistente.

Com os olhos semi-cerrados olhamos para o céu...
As nuvens se formam
As nuvens se dissipam.
O tempo passa.
E às vezes olhamos para nós mesmos no espelho e não nos reconhecemos.
E quando olhamos para dentro somos capturados pelo que nos move:
A nossa essência pesada como o vento.
Ela nos arrasta para o fundo.
Ela nos afoga em seu próprio fogo. Nosso próprio fogo!
E somos, de repente, a chuva que banha o solo infértil.
E o sol que traz a vida falsamente.
E o Deus que criou e amou tudo,
E que amando se tornou vulnerável.
E as estrelas e a lua.
E o sol.
E as trevas da noite que inunda a vida.

Tudo num só corpo.
Tudo na mesma incerta matéria.
Toda a inexpressividade da fala.
E toda a insuficiência dos símbolos.
E o tempo é o vento que arrasta a vida.
E a vida é o tempo que arrasta o fogo.
E o fogo é o desejo que inflama o corpo.
E o corpo é a matéria que comporta a vida.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Alma Tristemente Gêmea

Por que imenso amor tinha que ser o meu?
E sendo imenso, por que não a consumação?
Por que o não-beijo, por que as não-mãos?
Por que eu perante você sem saber...
Nem conhecer o caminho(?)

Além do não-ser, o que me resta?
Além do meu querer, o que vislumbro dentro da noite densa?
Além de mim... senão você.

O que... além de você, que já não vejo, nem tenho?
Eu?
Eu não.
Eu sou pouco demais. Eu sou apenas ausência.
Sou apenas um adeus forçosamente dito.
Uma presença em prantos,
Um pranto maldito.

Sou eu a vida incompleta,
A alma, tristemente, gêmea.

Eterno e Fulgaz

O que eu digo será eterno e morrerá.
Minha silenciosa verdade, minha periclitante mentira
[no não-ser se encerrará.
Todas as luzes que eu vi me cegaram;
E eu fiquei tão vulnerável.
Comecei, incauto, a falar palavras sem sentido.
A enganar mais e mais os meus pares ímpares.
Fiz em minha estrada a inconformação.
Que comigo calmamente irá para onde não vejo:
O desconhecido.

Enquanto... estou inquieto.
Há uma incontenção de vida dentro de mim.
Uma ânsia viva e suprema.

Entretanto, só ao nada me dou.
E aos meus lábios... dissabor.
Eternamente e fugaz.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Ilusão do Real

Há uma potente voz dentro de mim.
Perquerindo-me sobre as verdades que desconheço.
Há um silêncio latejante no ar e em meus lábios.
Impedindo-me de gritar o que descobri.
Afastando-me da partilha e do conhecimento geral.

Existe um ronco, um trovão incontido!
Anunciando destruição sobre tudo.
Entretanto, cheio de criação.
E explosão de vida comedida/continente.

Há um mar um céu indolente
Forçando-nos de todos os lados.
A chuva que o travão anunciou não passa.
Os ventos violentamente, do acaso,
Levam a vida para todas as partes.
E sonhos e consumação vão também.

O gosto das cinzas é tão real e verdadeiro.
A terra quente, tão convidativa.
E em todos os passos inférteis o chamado consolador.

Há uma agudez...
Inundando e afogando a carne.
O cerne da carne, a essência volátil e mole e liquefeita.

Todas as coisas param.
Todas as bocas calam...
O segredo profundo do mundo.
Concebe-se a mentira.
Consagra-se a Ilusão do Real.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Homem Gafanhoto

O homem inseto - gafanhoto...
Ingere, ingere, vorazmente engole tudo.
O amor, até, ele consome, consome
E de tanto consumir, o acaba.

Ao voo, lança-se então.
E vai buscar em novos ares e pares e bocas,
Nova Paixão.
Para comer e digerir e se insaciar!

Os lábios secos sorvem lentamente o encantamento.
E ele, o homem, se absorve também.
Queima-se na chama brevemente imortal que originou.

E assim ele se come...
Sem saber nem conhecer o verdadeiro amor.
De corpo em corpo
De flor em flor...

Vai... Sê feliz , oh, insatisfeito ser!
E faz o eterno que mereces ter!
Ó, insatisfeito...
Querer!

domingo, 7 de agosto de 2011

Entregue a ti?

Tu conhecerás meu corpo nunca o meu ser.
Tu te iludirás comigo e com algo que falsamente criamos, até o fim.
Tu estarás posto e entregue - amor -, eu estarei contido em mim.
Jamais darei o que não tenho e posso.
Jamais darei o que não aprendi a dar - meu amor, minha essência volátil e arredia.
Tu dirás (me) dez vezes que me amas...
Se eu o disser, será só por obrigação a ti.
Seco e amargo.
Frio, gelado. Este sou eu... Entregue a ti.

Plano de Vida

Tua vida foi longa e cheia de experiências, eu creio.
Tu tiveste amigos, amores...
Uns se foram, outros permaneceram.
Tu tiveste toda a vida, em sua limitação, em tuas mãos.
E tiveste, também, certa liberdade para desenvolveres teu plano de vida.
Fizeste-o bem?
Aproveitaste e gozaste tudo quanto podias?
Quebraste/destroçaste as barreiras e temores de tua mente para que assim te tornasses pleno?
Como foi, amigo, teu proceder?
Soubeste respeitar e dar aos outros a liberdade devida?
Soubeste rir quando a desilusão se achegava?
Oh, meu amigo, o que fizeste?
O que fizeste de tua vida?
E no teu peito, eu pergunto, é coração ou é ferida?
Se tiver sido dissabor... tua vida...
Não te enchas de rancor!
Com as pessoas certas, tudo se passa.
Então, no final das contas, tudo se resume às pessoas que nos cercam,
Àquelas que tornam belo e doce o trivial da vida.

Invenção

Quero inventar algo totalmente novo.
Uma quimera louca jamais domada.
Quero perder-me, andar em seu fogo;
Quero criar novo caminho, fazer nova estrada.

Pensando no bem há tanto querido,
De olhos multicolores e pele dourada,
Farei um castelo nunca antes feito,
Para servi-lhe de singela morada.

Entretanto, tudo quanto eu faça,
Será pouco e pequeno perto do grande amor!
E sendo pouco, será só ilusão.

Assim constatarei, mais um vez, que tudo passa.
Eu passo também, entregue em minhas mãos.
Do grande sonho de Felicidade,
Restará apenas pó e solidão.

Corpo Ausente

Não tenho nenhum corpo para chorar.
Não tenho onde lançar minhas dores.
O bem que eu amei humildemente,
Não mais mostrará suas cores.

Agora, silêncio profundo se faz.
E silenciosamente, eu choro em mim.
Tento me agarrar a felicidade que a lembrança traz,
Mas a conformação não virá fácil assim.

F... De Desolação

As velhas feridas sangram novamente.
De novo o velho conhecido gosto.
Eu mesmo em minhas ingênuas mãos.
Eu e o meu pecado latejante.

Pensei, realmente, que poderia dar certo.
Pensei, sim, que o sonho finalmente, realizado seria.
Pensei tantas coisas que me perdi em meus planos.
Ignorei os sinais. Perdi o medo. Perdi tudo.
Eu em minhas mãos.

Tu foste a melhor coisa que aconteceu em minha vida num curto espaço de tempo.
Mas também, foste a pior. A mais desoladora.
Arrancastes de mim toda a alegria, minha e tua.
E simplesmente, fostes.

Eu fiquei. Entregue em minhas malditas mãos.
Sem sonho.
Sem ideologia.
Sem SER.
Sem nada.

Obrigado por mais este amargo.

Rápido

Estou indo tão depressa.
Estou indo tão rápido.
E indo animalicamente para aquela luz que me chama.
E eu indo como inseto que sou, na sua ânsia.
Tão rápido. Tão estonteante.
Cheguei!
Não há mais luz.
Não há mais luz, não há mais nada!