domingo, 28 de agosto de 2011

Lugar Algum



















Não existe mais chão.
Não existe mais chão, não existe mais nada.
Todas as verdades tão bem guarnecidas...
Foram cabalmente refutadas!

Não existe mais sopro mágico.
Não existe mais doce ilusão...
Agora é outra espécie...
Agora é a amarga abstração.

Nós, desde o ventre materno - terra...
Buscamos este momento de negação.
Buscamos esta mentira travestida em verdade...
Buscamos o estar em nossas mãos.
Mas, estranhamente, caímos.
O salto alto tornou-se queda maior.

Agora, perdidos, estamos...
Mais do que o dia em que morremos...
Agudamente fingindo todos os dias normalidade...
Vontade...
Amor.

Porém as gargantas secas e a sede eterna e impessoal....
Essas, toda noite sentimo-las... sozinhos.
O ser... animal social...
Socialmente morre... vagarosamente...
Progressivamente.
Preso às convenções da vida moderna antiguada.
Uma nova forma de viver e sentir...
Sem fazê-los!

Alguns chamam dever ser...
Outros, coesão.
Não obstante, e controversamente, é a mais pura ilusão.
Ou o mais puro real na sua insensatez.

Não existe mais cores. Aquelas que eu via...
Olhos opacos são os que olham agora.
Uma janela...
Para um deserto.

Mas, olhem, ao longe, há uma escada!
Ou estou devaneando também?
Não. Ela está lá.
Sem uso. Sem serventia.
Lá... onde tudo está!
Até esses teus medos e sonhos e horrores...
Lá...
Onde está a verdade. O bom e o belo.
O tão impessoal que cauteriza os ossos teus cansados do mundo.
Cauteriza-te. Purifica-te de tuas dores.

A temeridade fala contigo... ainda podes ouví-la?
Voz única e inconfundível...
Confundindo-te. Porém, revelando-te...

Tok, tok...
O desvairado supremo proferindo maldições a porta.
Não abrirei.
Estou farto de maus agouros.
Estou farto de verdades meias...
Das incorrespondências.