domingo, 28 de agosto de 2011

A Matéria que Comporta a Vida


Somos apenas aquilo que um breve espaço de tempo nos permite ser.
Nem mais.
Nem menos.
E vamos para o desconhecido sem saber de onde viemos.
Somos assim:
Não sabemos de nada no fim das contas.
Tudo é incerto, tudo é sombras.
Até a luz intensa que nos cega e ofusca diariamente:
A vida.

Estamos entregues a conformação ou ao inconsolamento.
E tudo na vida depende das escolhas que se faz.
Viemos de onde não vemos.
Vamos para onde sonhamos?

Estamos indo, estamos ficando.
Estivemos fingindo, estivemos chorando.
E no todo, somos tão leves quanto o próprio vento.
Uma folha pesa mais e tem mais significado.
Ela existe, mas não o sabe e não questiona e logo,
É mais consistente por ser inconsistente.

Com os olhos semi-cerrados olhamos para o céu...
As nuvens se formam
As nuvens se dissipam.
O tempo passa.
E às vezes olhamos para nós mesmos no espelho e não nos reconhecemos.
E quando olhamos para dentro somos capturados pelo que nos move:
A nossa essência pesada como o vento.
Ela nos arrasta para o fundo.
Ela nos afoga em seu próprio fogo. Nosso próprio fogo!
E somos, de repente, a chuva que banha o solo infértil.
E o sol que traz a vida falsamente.
E o Deus que criou e amou tudo,
E que amando se tornou vulnerável.
E as estrelas e a lua.
E o sol.
E as trevas da noite que inunda a vida.

Tudo num só corpo.
Tudo na mesma incerta matéria.
Toda a inexpressividade da fala.
E toda a insuficiência dos símbolos.
E o tempo é o vento que arrasta a vida.
E a vida é o tempo que arrasta o fogo.
E o fogo é o desejo que inflama o corpo.
E o corpo é a matéria que comporta a vida.