domingo, 20 de novembro de 2011

Diálogo

- Oh, quero, agora, beijar-te a boca e saciar minha vontade de ter-te!
- Mas será correto?
- Por que pensar no "correto", quando imenso amor nos une?
- É, nos une, mas tenho medo!
- Medo? Eu também tenho medo, porém, tenho mais amor! Nada pode deter-me da inclinação que tenho por e para ti! Nem o maior medo que senti na vida!
- Oh, meu bem, não me digas isso... não resistirei!
- E por que, ainda, tua resistência?! Ama-me ou não?!
- Amo. Entretando, não podemos!
- Quem disse que não podemos? Esse mundo ora torto e descabido? E absurdo? Mostra-me o impedimento!
- Mostrar-te? Tu vês!
- (Com pesar na voz e na face) Sim, eu vejo. Eu infelizmente vejo, mas que essa nossa maldição não nos condene à insatisfação eterna! Queres-me, pergunto-te de novo, ou não?!
- Querer-te? Claro que quero. Já mais que a mim mesmo te amo. Nunca... por ninguém! (Algumas lágrimas!)
- Então?!
- Então me beije! Faça-me esquecer tudo!
- (Detendo-o do beijo, com um movimento suave das mãos contra seu peito. Voz e olhar graves) - Mas e amanhã?
- O amanhã - ele diz - neste momento, está tão longe quanto as próprias estrelas do céu. Que brilham mais por tua causa, esta noite.
- Oh, meu bem, eu sei e o sinto também, mas e a vida que nos separa? Esta que nos tem que levar para lados opostos?
- Esta, esta que nos ataca e nos constrange... esta que, em seu estado natural das coisas, nos quer calar e emudecer... esta deve se curvar ao nosso amor. Ao meu e teu desejos!
- (Ainda reluntante) Mas, teremos força?!
- Teremos amor e isso deve bastar!
- É, deve, acabas de me provar.

Ambos se calam. Olham-se nos olhos longamente. Rola uma lágrima  dos seus rostos por terem tido conhecimento das mesmas coisas. Envergonham-se por um momento. Receiam frente um ao outro e ao maor que os quer levar. Tomam coragem novamente. Respiram fundo. A noite, lá fora, ligeira e fria. Um na direção do outro. As luzes se apagam. Dessa forma, satisfazem seu amor!